O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elevou o tom contra a concessionária Enel, responsável pelo fornecimento de energia elétrica na região metropolitana do estado. Em reunião com prefeitos de 55 municípios afetados por fortes chuvas, realizada nesta terça-feira (23), Tarcísio afirmou que pretende “lutar com todas as forças até o fim para varrer essa concessionária do nosso estado”.

Críticas após apagões e resposta lenta

A declaração ocorre em meio a uma nova onda de apagões que deixou cerca de 600 mil imóveis sem luz após tempestades com ventos de até 100 km/h. Segundo o governador, enquanto outras empresas como a CPFL Energia conseguiram restabelecer o serviço rapidamente, a Enel “sempre dá a pior resposta” em situações de emergência.

Tarcísio também criticou a possibilidade de prorrogação antecipada do contrato da Enel, que vence em 2028. A renovação está sendo estudada pelo Ministério de Minas e Energia, com base em diretrizes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para o governador, “não tem o menor cabimento” cogitar a extensão de um contrato que, segundo ele, é “extremamente ruim”.

Reações políticas e jurídicas

A Prefeitura de São Paulo, liderada por Ricardo Nunes (MDB), também se posicionou contra a renovação. Em agosto, o município ingressou com uma ação civil pública na Justiça Federal para barrar a prorrogação automática da concessão. A procuradora-geral do município, Luciana Sant’Ana Nardi, afirmou que a população “não pode continuar à mercê da omissão e da ineficiência de uma concessionária que ignora nossas particularidades ambientais e urbanas”.

Medidas emergenciais e alternativas

Durante a reunião, Tarcísio apresentou um plano de ação para lidar com os danos causados pelas chuvas, incluindo o uso de detentos como mão de obra para reconstrução de escolas e unidades de saúde. A proposta depende de autorização judicial, mas reflete a urgência em restaurar serviços essenciais em municípios duramente atingidos.

Enel se defende

Em nota, a Enel afirmou que restabeleceu o fornecimento para 95% dos clientes afetados e mobilizou mais de 1.300 equipes em campo. A empresa também destacou investimentos em infraestrutura e cumprimento dos indicadores contratuais estabelecidos pela Aneel.

Um embate que pode redefinir o setor elétrico paulista

A ofensiva de Tarcísio contra a Enel não é nova, mas ganha força diante da recorrência de falhas no serviço e da aproximação do fim da concessão. Ao se posicionar publicamente contra a renovação, o governador sinaliza que pretende reavaliar o modelo de concessão de energia no estado e abrir espaço para novas empresas — ou até para uma reestruturação do setor.