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Tylenol na Gravidez x Epidemia de Autismo: O Que Se Sabe Sobre as Alegações do Governo Trump

Publicada em: 23/09/2025 10:59 -

 

Nos últimos meses, uma nova controvérsia tomou conta do debate público nos Estados Unidos: o presidente Donald Trump e seu secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., passaram a associar o uso de Tylenol (paracetamol) durante a gravidez ao aumento de casos de autismo em crianças. A alegação, amplamente divulgada em coletivas de imprensa e documentos oficiais, provocou reações imediatas da comunidade científica e de agências reguladoras internacionais.

A Alegação do Governo Trump

Durante um pronunciamento na Casa Branca em setembro de 2025, Trump afirmou que o uso de Tylenol por gestantes estaria “potencialmente ligado” ao autismo. Ele recomendou que mulheres grávidas evitassem o medicamento, exceto em casos de necessidade clínica, como febre alta. A FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) foi instruída a emitir alertas médicos e revisar os rótulos de segurança do produto.

O secretário Kennedy Jr. reforçou a iniciativa, anunciando uma campanha nacional para informar o público sobre os supostos riscos e promovendo a leucovorina — um medicamento usado em tratamentos oncológicos — como possível terapia para sintomas de autismo.

O Que Diz a Ciência

Apesar da força política das declarações, a comunidade científica reagiu com firmeza. Diversas instituições médicas e reguladoras, como o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, afirmaram que não há evidência conclusiva que comprove uma relação causal entre o uso de paracetamol na gravidez e o autismo.

Estudos observacionais realizados nas últimas décadas sugeriram possíveis associações, mas os resultados foram inconsistentes e não replicados em pesquisas posteriores. A própria FDA, em revisão feita em 2015, concluiu que os dados disponíveis eram insuficientes para alterar as recomendações de uso.

Epidemia ou Diagnóstico Ampliado?

Trump e Kennedy Jr. classificaram o aumento dos casos de autismo como uma “epidemia”. De fato, os dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que a taxa de diagnóstico passou de 1 em cada 150 crianças em 2000 para 1 em cada 36 em 2020. No entanto, especialistas explicam que esse crescimento está mais relacionado à ampliação dos critérios diagnósticos e ao aumento da conscientização do público do que a uma explosão real de casos.

Riscos Reais e Cuidados Necessários

O paracetamol é considerado o analgésico mais seguro para gestantes, especialmente quando comparado a anti-inflamatórios como ibuprofeno, que podem causar complicações graves na gravidez. A recomendação médica continua sendo o uso sob orientação profissional, na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível.

A fabricante do Tylenol, Kenvue, também se posicionou contra as alegações, afirmando que “não há base científica” para a associação feita pelo governo Trump.

Autismo: Uma Condição Complexa

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica multifatorial, influenciada por fatores genéticos e ambientais. Pesquisadores apontam que não há um único gene ou substância responsável pelo desenvolvimento do TEA, mas sim uma combinação complexa de variantes genéticas e exposições ambientais.

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