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China, Rússia e Índia traçam caminhos para um mundo pós-hegemônico

Publicada em: 02/09/2025 10:36 -

Em um cenário geopolítico cada vez mais polarizado, a recente cúpula realizada em Tianjin, China, reuniu líderes de potências emergentes com um objetivo claro: fortalecer alianças estratégicas e desafiar a hegemonia dos Estados Unidos. O encontro, que contou com a presença de Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi, simboliza uma virada na dinâmica global, com países buscando alternativas ao modelo ocidental de liderança e cooperação.

O contexto da cúpula

O evento foi promovido pela Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), bloco fundado por China e Rússia em 2001, que hoje inclui dez membros plenos e diversos países observadores. A cúpula deste ano ganhou destaque não apenas pela presença de líderes influentes, mas pelo tom político adotado: uma crítica direta às políticas protecionistas e intervencionistas dos Estados Unidos, especialmente sob a liderança de Donald Trump.

Mensagens políticas e econômicas

Durante o encontro, Xi Jinping defendeu a construção de um “mundo multipolar”, rejeitando a “mentalidade da Guerra Fria” e os “atos de intimidação” que, segundo ele, caracterizam a política externa americana. O presidente chinês propôs uma nova governança global, centrada no multilateralismo e na cooperação econômica inclusiva.

Putin, por sua vez, reforçou a necessidade de substituir a cooperação atlântica — dominada por EUA e Europa — por novas alianças que respeitem a soberania dos países emergentes. Ele agradeceu os esforços da China e da Índia para buscar soluções diplomáticas para a guerra na Ucrânia, embora tenha mantido sua posição crítica ao Ocidente.

A posição da Índia

Narendra Modi adotou uma postura estratégica: apesar das históricas tensões com a China, o primeiro-ministro indiano demonstrou disposição em estreitar laços com Pequim e Moscou. A Índia foi recentemente alvo de tarifas americanas de 50% sobre suas exportações, como punição por comprar petróleo russo. Esse movimento aproximou ainda mais Nova Délhi dos demais membros da OCX.

Implicações globais

A cúpula em Tianjin representa mais do que uma reunião diplomática: é um sinal claro de que o mundo está em busca de alternativas à liderança americana. A proposta de Xi Jinping de criar um banco de desenvolvimento da OCX, com US$ 1,4 bilhão em empréstimos, reforça a ambição chinesa de liderar uma nova ordem econômica global.

Além disso, o evento expôs as fraturas internas do grupo — como a recusa da Índia em assinar uma declaração conjunta — mas também mostrou que, mesmo com divergências, há um consenso crescente sobre a necessidade de reduzir a dependência dos Estados Unidos.

O encontro na China marca um ponto de inflexão nas relações internacionais. Em meio a guerras comerciais, conflitos regionais e disputas por influência, países como China, Rússia e Índia estão redesenhando o tabuleiro geopolítico. A mensagem é clara: o mundo não quer mais depender de uma única potência. E Tianjin pode ter sido o palco onde essa nova era começou a se consolidar.

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