A escalada das declarações de Moscou
O presidente russo Vladimir Putin voltou a endurecer o discurso sobre a guerra na Ucrânia, afirmando que a paz só será possível se Kiev retirar suas tropas e reconhecer os territórios reivindicados por Moscou. Em visita ao Quirguistão, Putin declarou que a Rússia está disposta a continuar os combates até que suas exigências sejam atendidas, acusando o governo ucraniano de querer lutar “até o último ucraniano”.
Os territórios em disputa
As exigências do Kremlin incluem:
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Crimeia, anexada ilegalmente em 2014.
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Donbas (Luhansk e Donetsk), em grande parte sob controle russo.
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Kherson e Zaporizhzhia, regiões parcialmente ocupadas desde 2022.
Putin insiste que Kiev deve reconhecer legalmente essas áreas como parte da Rússia, algo que o governo ucraniano já descartou, considerando tal concessão como uma recompensa à agressão militar.
Reações internacionais
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Ucrânia: O presidente Volodymyr Zelensky e sua equipe rejeitam qualquer cessão territorial, afirmando que abrir mão de regiões ocupadas seria legitimar a invasão e enfraquecer a soberania nacional.
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Estados Unidos e aliados ocidentais: Embora alguns planos de paz tenham sido discutidos, há críticas de que propostas que favoreçam Moscou apenas consolidariam ganhos obtidos pela força.
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Rússia: Putin sinalizou abertura para “discussões sérias” com delegações internacionais, mas reforçou que sem a retirada ucraniana não haverá cessar-fogo.
Implicações estratégicas
A postura russa revela uma estratégia de pressão contínua, tanto militar quanto diplomática:
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No campo militar, Moscou mantém ofensivas para consolidar controle sobre áreas ocupadas.
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No campo político, Putin busca legitimar anexações e forçar Kiev a negociar em condições desfavoráveis.
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No campo internacional, o Kremlin tenta dividir o apoio ocidental à Ucrânia, explorando divergências sobre como encerrar o conflito.
O dilema da paz
A exigência de cessão territorial coloca a Ucrânia diante de um dilema: resistir indefinidamente para preservar sua integridade ou aceitar concessões que comprometeriam sua soberania. Para Kiev, a escolha é clara — não haverá paz duradoura se a Rússia for recompensada por sua agressão. Já para Moscou, a mensagem é igualmente firme: sem retirada ucraniana, a guerra continua.
