A Justiça inglesa condenou a mineradora BHP, acionista da Samarco, pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana, reconhecendo sua responsabilidade no maior desastre socioambiental da história do Brasil. A decisão abre caminho para indenizações que podem chegar a R$ 230 bilhões.
Condenação histórica em Londres
O Tribunal Superior de Londres divulgou em novembro de 2025 uma decisão que responsabiliza a BHP Billiton, gigante anglo-australiana do setor de mineração, pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015. O desastre deixou 19 mortos, destruiu comunidades inteiras e contaminou o Rio Doce ao longo de 675 quilômetros.
A ação foi movida por cerca de 620 mil autores, incluindo moradores, comunidades ribeirinhas, municípios, igrejas e empresas. Eles reivindicam aproximadamente R$ 230 bilhões em indenizações, valor que deverá ser dividido entre a BHP e a Vale, também acionista da Samarco.
Argumentos da Justiça inglesa
Segundo a sentença, havia sinais claros de risco de colapso na estrutura da barragem, como infiltrações e fissuras, que foram ignorados pela mineradora. A corte destacou que a decisão de continuar elevando a barragem sem uma análise adequada de estabilidade foi “imprudente e inconcebível”, reforçando que o desastre poderia ter sido evitado.
A juíza Finola O’Farrell, responsável pelo caso, afirmou que existiam “provas esmagadoras” de que a empresa tinha conhecimento dos riscos muito antes do colapso.
Impacto socioambiental
O rompimento da barragem de Fundão é considerado o maior desastre socioambiental já registrado no Brasil. Além das mortes, mais de 40 milhões de toneladas de rejeitos foram despejados, devastando comunidades como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, e contaminando o Rio Doce até o litoral do Espírito Santo.
Os efeitos ainda são sentidos dez anos depois, com impactos na pesca, no abastecimento de água e na vida de milhares de famílias que perderam suas casas e meios de subsistência.
Próximos passos
O processo segue agora para a fase de avaliação dos danos e definição das indenizações. A decisão inglesa é vista como um marco, pois amplia a responsabilização internacional de empresas por desastres ambientais ocorridos em países em desenvolvimento. No segundo semestre de 2026, novas audiências deverão tratar da quantificação das reparações.
Reflexões finais
A condenação da BHP pela Justiça inglesa representa um avanço significativo na busca por justiça para as vítimas da tragédia de Mariana. Mais do que uma questão financeira, o caso simboliza a necessidade de responsabilização corporativa global diante de crimes ambientais. Ele reforça que grandes empresas não podem se eximir de suas responsabilidades quando suas operações resultam em destruição de vidas, comunidades e ecossistemas inteiros.
