O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou, em 6 de outubro de 2025, a chamada “Lista Suja” do trabalho escravo, incluindo 159 novos empregadores — entre pessoas físicas e jurídicas — que foram responsabilizados por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão. A nova versão do cadastro revela um aumento de 20% em relação à última atualização e reacende o debate sobre práticas abusivas em diversos setores da economia brasileira.
O Que É a Lista Suja?
Criada em 2003 e publicada semestralmente, a “Lista Suja” é um instrumento de transparência ativa que divulga os nomes de empregadores que, após processo administrativo com direito à ampla defesa, foram condenados por manter trabalhadores em condições degradantes. Os nomes permanecem no cadastro por dois anos, salvo em casos de acordo com o MTE, quando passam para uma lista de observação.
Perfil dos Novos Casos
Dos 159 novos nomes:
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101 são pessoas físicas (patrões individuais)
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58 são empresas (pessoas jurídicas)
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1.530 trabalhadores foram resgatados entre 2020 e 2025
As atividades com maior número de empregadores incluídos foram:
Setor Econômico | Nº de Inclusões |
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Criação de bovinos para corte | 20 |
Serviços domésticos | 15 |
Cultivo de café | 9 |
Extração e britamento de pedras | 9 |
Construção de edifícios | 8 |
Produção de carvão vegetal | 7 |
Cerca de 16% dos casos ocorreram em áreas urbanas, contrariando a ideia de que o trabalho escravo é exclusivo do campo.
Casos de Destaque
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JBS Aves: Embora a empresa não tenha sido incluída diretamente, duas terceirizadas contratadas por ela entraram na lista após operação que resgatou trabalhadores em condições degradantes no Rio Grande do Sul.
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Festival Lollapalooza Brasil: A empresa Yellow Stripe, contratada pela T4F para serviços de carga e descarga, foi responsabilizada por manter cinco trabalhadores em condições precárias, dormindo em colchonetes e papelão.
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Exploração Sexual na Terra Yanomami: Thaliny Nascimento Andrade (“Paloma”) e Francisco Félix de Lima foram incluídos por aliciar mulheres para exploração em cabarés na região indígena.
Estados com Mais Inclusões
Estado | Nº de Novos Empregadores |
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Minas Gerais | 33 |
São Paulo | 19 |
Mato Grosso do Sul | 13 |
Bahia | 12 |
Maranhão, PE, RJ, PB | 8 cada |
Exclusões e Novas Regras
Além das inclusões, 184 empregadores foram removidos da lista por terem cumprido o período de dois anos. Desde julho, novas regras permitem que empregadores evitem a inclusão se firmarem acordos de reparação e assistência aos trabalhadores resgatados.