A morte brutal do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, na noite de 15 de setembro de 2025, em Praia Grande, litoral paulista, chocou o país e reacendeu o debate sobre a atuação do crime organizado contra agentes públicos. Fontes, que ocupava o cargo de secretário de Administração da cidade, foi executado a tiros em plena via pública, em um ataque que tem fortes indícios de retaliação por parte do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como foi a execução
O crime ocorreu por volta das 18h, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim. Fontes dirigia seu carro quando foi perseguido por outro veículo. Durante a perseguição, ele foi baleado, perdeu o controle do automóvel, colidiu com um ônibus e capotou.
Imagens de câmeras de segurança mostram que três homens armados desceram do carro perseguidor e dispararam mais de 20 vezes contra o veículo de Fontes, usando fuzis e técnicas de execução militar. Dois pedestres também foram atingidos, mas sobreviveram.
Motivações investigadas
Fontes foi um dos principais nomes no combate ao PCC. Em 2019, enquanto delegado-geral, ele ordenou a transferência de 15 líderes da facção para presídios federais, incluindo o chefe Marcola. Desde então, passou a ser considerado “jurado de morte” pelo grupo criminoso.
A polícia trabalha com duas hipóteses principais:
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Vingança pela atuação contra o PCC, especialmente pelas transferências e investigações que desmantelaram parte da estrutura da facção.
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Reação à sua atuação como secretário municipal, embora essa linha seja considerada secundária.
Histórico de ameaças
Fontes já havia sobrevivido a pelo menos três atentados anteriores, incluindo emboscadas em 2010, 2012 e 2020. Em uma delas, escapou de um plano de execução com fuzis em frente a uma delegacia. Em outra, trocou tiros com criminosos na Via Anchieta, resultando na morte de um dos agressores.
Seu nome também apareceu em investigações da Polícia Federal como alvo de planos de execução do PCC, ao lado de figuras como o senador Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya.
Repercussão e resposta oficial
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, determinou a criação de uma força-tarefa para identificar os autores do crime. A ROTA foi mobilizada para reforçar o policiamento na região, e o GAECO, do Ministério Público, também participa das investigações.
A Prefeitura de Praia Grande e a Secretaria de Segurança Pública lamentaram a morte de Fontes, destacando sua trajetória de mais de 40 anos na Polícia Civil, com atuação em departamentos como DHPP, Denarc e Deic.