Em um movimento estratégico para fortalecer a integração logística sul-americana, os governos do Brasil e da China assinaram, em 7 de julho de 2025, um memorando de entendimento para desenvolver estudos técnicos sobre a construção de uma ferrovia que ligaria o porto de Ilhéus, na Bahia, ao porto de Chancay, no litoral do Peru.
Um corredor bioceânico entre o Atlântico e o Pacífico
O projeto prevê a criação de uma ferrovia transcontinental que cruzaria o território brasileiro de leste a oeste, passando pelos estados de Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até alcançar o Peru. A proposta é conectar diretamente a malha ferroviária brasileira — incluindo as ferrovias Fiol, Fico e Norte-Sul — ao porto de Chancay, recém-inaugurado com financiamento chinês.
Segundo estimativas do governo peruano, a nova rota pode reduzir o tempo de transporte de cargas para a Ásia de 40 para 28 dias, tornando as exportações brasileiras mais competitivas.
Parceria técnica e diplomática
O acordo foi firmado entre a estatal brasileira Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e o China Railway Economic and Planning Research Institute, braço estratégico da China State Railway Group. A cerimônia de assinatura ocorreu de forma virtual, com participação de autoridades dos dois países.
O memorando tem validade inicial de cinco anos, com possibilidade de prorrogação, e prevê estudos sobre:
- Viabilidade técnica e econômica da ferrovia
- Sustentabilidade ambiental e social
- Integração intermodal com rodovias, hidrovias e portos
- Aproveitamento de trechos ferroviários já existentes
Impactos esperados
Além de impulsionar o comércio com a Ásia, especialmente com a China — principal parceiro comercial do Brasil — o projeto pode:
- Reduzir custos logísticos
- Estimular o desenvolvimento regional
- Gerar empregos nos estados atravessados
- Integrar áreas da Amazônia ao comércio internacional
Próximos passos
Os estudos técnicos devem ser concluídos até o primeiro trimestre de 2026, quando serão definidos os projetos executivos, modelos de concessão e fontes de financiamento. Ainda não há estimativas de custo total da obra, mas projeções indicam que o investimento pode ultrapassar US$ 10 bilhões.