Sete anos após o incêndio devastador que destruiu 92% de seu acervo, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, reabre parcialmente suas portas nesta quarta-feira (2 de julho de 2025). A reabertura marca não apenas a retomada de um dos mais importantes centros científicos e culturais da América Latina, mas também um símbolo de resistência, reconstrução e esperança.
O incêndio e suas cicatrizes
Em setembro de 2018, o Palácio de São Cristóvão, sede do Museu Nacional, foi consumido por um incêndio que chocou o país e o mundo. O fogo destruiu coleções centenárias, fósseis raros, artefatos indígenas e documentos históricos inestimáveis. A tragédia expôs a fragilidade da preservação do patrimônio no Brasil e gerou um clamor por investimentos e políticas públicas mais robustas.
A reconstrução em etapas
Desde então, o projeto Museu Nacional Vive mobilizou esforços públicos e privados para restaurar o edifício e recompor parte do acervo. Com orçamento estimado em R$ 517 milhões, a reconstrução completa está prevista para 2027. Até agora, cerca de R$ 330 milhões foram captados, com contribuições do BNDES, empresas como Vale e Bradesco, e apoio internacional.
Nesta primeira fase de reabertura, três ambientes restaurados estão abertos ao público, incluindo:
- O salão do meteorito Bendegó, que sobreviveu ao incêndio;
- A escadaria de mármore com o esqueleto de um cachalote de 15,7 metros, o maior em exposição na América do Sul;
- Uma sala com esculturas de mármore de Carrara, ainda com marcas visíveis do incêndio.
A exposição “Entre Gigantes”
A mostra inaugural, intitulada Entre Gigantes, convida o público a refletir sobre a grandiosidade da natureza e da ciência. Além das peças já mencionadas, estão expostos fragmentos do crânio de Luzia — o fóssil humano mais antigo das Américas — e obras do artista indígena Gustavo Caboco, que reinterpretam o meteorito Bendegó sob uma perspectiva contemporânea.
Visitação e agendamento
A visitação é gratuita, mas requer agendamento prévio pela plataforma Sympla. Diariamente, 300 ingressos são disponibilizados. A experiência inclui também a observação de partes do edifício ainda em restauração, permitindo ao público acompanhar o processo de reconstrução em tempo real.
Um novo capítulo
A reabertura do Museu Nacional é mais do que a recuperação de um espaço físico — é a reafirmação do compromisso com a ciência, a memória e a identidade brasileira. Em tempos de incerteza, o renascimento do museu nos lembra que a cultura resiste, se reinventa e continua a inspirar.