Benjamin Netanyahu surpreendeu Israel ao solicitar perdão presidencial antes mesmo de ser condenado, gesto que reacende debates sobre justiça, política e sobrevivência no poder.
Netanyahu e o pedido inédito
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, réu há cinco anos em processos de corrupção que envolvem acusações de suborno, fraude e quebra de confiança, apresentou ao presidente Isaac Herzog um pedido formal de indulto. O detalhe mais controverso é que o pedido foi feito antes do veredicto judicial, algo considerado extraordinário até mesmo pelo gabinete presidencial.
Netanyahu argumenta que os prolongados processos judiciais prejudicam sua capacidade de governar e dividem o país. Em cartas de mais de cem páginas, elaboradas por ele e seus advogados, o premiê insiste que é vítima de perseguição política e que acredita em sua futura absolvição.
O respaldo internacional e a pressão política
O pedido não ocorreu isoladamente. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta a Herzog pedindo clemência para Netanyahu, reforçando a dimensão internacional da crise. Internamente, o Likud, partido do premiê, divulgou vídeos defendendo a medida como necessária para preservar a estabilidade nacional.
Por outro lado, a oposição reagiu com veemência. O líder oposicionista Yair Lapid classificou o gesto como “inaceitável”, afirmando que um chefe de governo não pode se colocar acima da lei. O episódio intensifica a polarização política em Israel, já marcada por guerras externas e turbulências internas.
Implicações jurídicas e institucionais
O pedido de perdão antes da condenação levanta questões cruciais:
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Precedente perigoso: abre espaço para que outros líderes tentem escapar de julgamentos sem enfrentar a Justiça.
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Autoridade presidencial: Herzog terá de decidir se concede ou não o indulto, sabendo que qualquer decisão terá repercussões profundas na credibilidade das instituições.
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Equilíbrio democrático: o caso expõe a tensão entre a necessidade de estabilidade política e o princípio da igualdade perante a lei.
O instinto de sobrevivência de Netanyahu
Netanyahu está no poder há mais de 18 anos, alternando vitórias eleitorais e manobras políticas para se manter no cargo. Seu pedido de perdão é visto por analistas como mais uma demonstração de seu instinto de sobrevivência, capaz de desafiar normas e tradições para preservar sua liderança.
O apelo de Netanyahu por perdão antes da condenação não é apenas um episódio jurídico: é um teste para a democracia israelense. Se aceito, pode redefinir os limites da responsabilidade política no país; se rejeitado, reforçará a ideia de que nenhum líder está acima da lei. Em qualquer cenário, o gesto já entrou para a história como um dos momentos mais controversos da trajetória do premiê.
