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Indisciplina escolar no Brasil: professores gastam mais de 20% do tempo de aula para controlar alunos

Publicada em: 07/10/2025 10:36 -

A sala de aula, que deveria ser um espaço de aprendizado e desenvolvimento, tem se tornado um campo de batalha para muitos professores brasileiros. Segundo dados recentes, o Brasil apresenta índices de indisciplina escolar acima da média global, com educadores dedicando mais de 20% do tempo de aula apenas para manter a ordem entre os alunos. Esse cenário revela um desafio estrutural que compromete não só o rendimento acadêmico, mas também o bem-estar de docentes e estudantes.

Um retrato preocupante

O levantamento, realizado por organismos internacionais de educação, mostra que os professores brasileiros gastam, em média, 13 minutos de cada hora de aula tentando controlar comportamentos inadequados, como conversas paralelas, uso indevido de celulares, desrespeito às regras e até agressões verbais. Em comparação com países da OCDE, onde esse tempo gira em torno de 8%, o Brasil se destaca negativamente.

Impacto direto na aprendizagem

Esse tempo perdido com disciplina interfere diretamente na qualidade do ensino. Menos tempo para conteúdo significa menos oportunidades de aprofundamento, menos espaço para dúvidas e menos estímulo ao pensamento crítico. Para os alunos, isso representa uma formação mais superficial; para os professores, uma rotina exaustiva e frustrante.

Além disso, a indisciplina afeta o clima escolar. Ambientes tensos e desrespeitosos dificultam a construção de vínculos entre alunos e professores, minam a motivação e podem levar ao abandono escolar. Muitos docentes relatam sintomas de estresse, ansiedade e até depressão, agravados pela sensação de impotência diante da falta de apoio institucional.

Causas multifatoriais

A indisciplina não nasce no vácuo. Ela é fruto de uma série de fatores interligados:

  • Falta de estrutura familiar: muitos alunos enfrentam contextos de vulnerabilidade social, o que se reflete em comportamentos desafiadores na escola.

  • Ausência de políticas claras de convivência: escolas sem regras bem definidas ou sem mecanismos eficazes de mediação de conflitos tendem a ter mais problemas.

  • Desvalorização do professor: baixos salários, falta de formação continuada e ausência de respaldo da gestão escolar contribuem para a perda de autoridade docente.

  • Influência das redes sociais: a cultura da hiperexposição e da irreverência digital muitas vezes se transfere para o ambiente escolar, dificultando o respeito às normas.

 Caminhos para a mudança

Enfrentar a indisciplina exige uma abordagem sistêmica. Algumas estratégias incluem:

  • Formação continuada para professores em gestão de sala de aula e resolução de conflitos.

 

  • Fortalecimento da parceria com as famílias, promovendo diálogo e corresponsabilidade.
  • Implementação de programas de educação socioemocional, que ensinem empatia, autocontrole e respeito.

  • Revisão das políticas escolares, com regras claras, aplicáveis e justas.

  • Valorização do professor, com melhores condições de trabalho e reconhecimento profissional.

 A indisciplina escolar no Brasil é um reflexo de problemas sociais, educacionais e culturais que exigem atenção urgente. Mais do que controlar alunos, é preciso compreender suas realidades e construir pontes de diálogo. O tempo de aula é precioso — e cada minuto perdido com conflitos é um passo a menos na formação de cidadãos críticos, conscientes e preparados para o futuro.

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