Em 6 de outubro de 2025, o governo de Israel realizou a deportação da ativista climática sueca Greta Thunberg e de outros 170 ativistas internacionais que participavam da Flotilha Global Sumud, uma missão humanitária com destino à Faixa de Gaza. A ação, que envolveu a interceptação de mais de 40 embarcações, reacendeu debates sobre o bloqueio israelense à Gaza e os limites da ação humanitária em zonas de conflito.
A Flotilha e Seu Propósito
A Flotilha Global Sumud — “resiliência” em árabe — partiu de Barcelona com o objetivo de entregar ajuda humanitária aos palestinos em Gaza, região devastada por dois anos de guerra entre Israel e o grupo Hamas. A iniciativa reuniu cerca de 470 ativistas de diversas nacionalidades, incluindo representantes do Brasil, Estados Unidos, França, Suécia, Itália e outros países.
Interceptação e Detenção
Entre os dias 1º e 3 de outubro, a Marinha israelense interceptou todas as embarcações da flotilha antes que chegassem às águas de Gaza. Os ativistas foram detidos e levados para prisões israelenses, onde permaneceram sob custódia enquanto o governo iniciava os trâmites de deportação. Israel classificou os participantes como “provocadores” e afirmou que todos os direitos legais foram respeitados durante a detenção.
A Deportação
Greta Thunberg e os demais ativistas foram deportados para a Grécia e a Eslováquia a partir do Aeroporto Internacional Ramon, no sul de Israel. O Ministério das Relações Exteriores israelense divulgou imagens dos ativistas no aeroporto, vestindo roupas padrão de detenção, e reiterou que a ação foi uma resposta a uma “campanha de relações públicas” promovida pela flotilha.
Denúncias de Maus-Tratos
Apesar das declarações oficiais, diversos ativistas denunciaram maus-tratos durante a detenção. Relatos incluem privação de sono, falta de água e comida, agressões físicas e confinamento em condições insalubres. Greta Thunberg teria sido forçada a segurar bandeiras israelenses e relatou desidratação e erupções cutâneas causadas por percevejos. Israel negou todas as acusações, classificando-as como “mentiras completas”.
Situação dos Brasileiros
Dos 15 brasileiros que integravam a missão, 14 permanecem detidos em Israel. O Itamaraty informou que todos estão “bem diante da situação” e aguardam os trâmites legais para deportação. O governo brasileiro, por sua vez, denunciou Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, criticando a interceptação da flotilha.
Repercussão Internacional
A deportação em massa e os relatos de abusos geraram forte reação internacional. Organizações de direitos humanos, governos estrangeiros e figuras públicas expressaram preocupação com a postura de Israel diante de ações humanitárias. A ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau, também presente na flotilha, afirmou que os maus-tratos sofridos pelos ativistas “não se comparam ao sofrimento diário do povo palestino”.