A relação entre os Estados Unidos e a Venezuela, marcada por décadas de desconfiança e confrontos ideológicos, atingiu um novo ápice de tensão em setembro de 2025. O embate entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder venezuelano Nicolás Maduro ultrapassou os limites da diplomacia e entrou em uma fase de demonstrações militares explícitas, reacendendo temores sobre uma possível intervenção armada na América Latina.

Troca de Ameaças: A Retórica Incendiária

A escalada começou com declarações inflamadas de ambos os lados. Maduro afirmou que a Venezuela estava pronta para entrar em uma “luta armada” caso fosse agredida, enquanto Trump acusou o presidente venezuelano de liderar uma organização criminosa transnacional, o Tren de Aragua, responsabilizando-o por tráfico de drogas, assassinatos e terrorismo.

Essas acusações não são novas. Desde 2017, Trump já havia sinalizado a possibilidade de uma “opção militar” para lidar com a crise venezuelana. A ruptura diplomática entre os países, iniciada em 2019 após o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino pelos EUA, pavimentou o caminho para o atual impasse.

Bombardeio no Caribe: O Episódio que Mudou o Tom

O ponto de virada ocorreu em 2 de setembro, quando militares norte-americanos bombardearam uma embarcação no mar do Caribe, alegando que o barco transportava grandes quantidades de drogas. O ataque resultou na morte de 11 pessoas e foi interpretado por Caracas como uma “execução sumária” promovida por Washington.

Trump, por sua vez, divulgou um vídeo do ataque e reforçou que a embarcação pertencia ao Tren de Aragua, grupo que seu governo classificou como terrorista. A ação foi vista como uma demonstração de força e um recado direto ao governo venezuelano.

Envio de Caças: A Resposta Norte-Americana

Em resposta ao sobrevoo de caças venezuelanos armados sobre o destróier USS Jason Dunham, os Estados Unidos ordenaram o envio de 10 jatos F-35 para uma base aérea em Porto Rico. A justificativa oficial foi o combate ao narcotráfico, mas o gesto foi interpretado como uma escalada militar com foco na Venezuela.

Além dos caças, os EUA já haviam mobilizado sete navios de guerra, um submarino nuclear e aviões espiões na região, consolidando uma presença militar robusta no sul do Caribe. O Departamento de Defesa americano classificou o sobrevoo venezuelano como “altamente provocativo”.

Implicações Geopolíticas

A intensificação das hostilidades reacende o debate sobre a soberania latino-americana e o papel dos Estados Unidos como potência interventora. Especialistas alertam que, embora o discurso seja centrado no combate ao narcotráfico, os movimentos militares podem servir como pretexto para uma campanha de pressão — ou até mesmo uma ação direta — contra o governo Maduro.

A comunidade internacional observa com cautela. Qualquer ação mais agressiva pode desencadear uma crise regional, afetando não apenas a Venezuela, mas também países vizinhos e alianças estratégicas.