O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, enfrenta uma crise sanitária após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em 16 de maio de 2025. A detecção do vírus provocou reações imediatas no mercado internacional, com diversos países suspendendo total ou parcialmente as importações de produtos avícolas brasileiros.

Impacto nas Exportações

A suspensão das importações por países como China, União Europeia, México, Coreia do Sul, Chile, África do Sul, Argentina, Uruguai e Canadá representa uma perda potencial de aproximadamente R$ 1,5 bilhão por mês para o setor avícola brasileiro. Esses mercados, juntos, foram responsáveis por cerca de um terço das exportações brasileiras de carne de frango em 2024.

A China, principal destino da carne de frango brasileira, respondeu por 13,2% das exportações do setor no ano passado. Com a suspensão das compras chinesas, o Brasil perde um mercado que importou 562,2 mil toneladas em 2024.

Medidas de Contenção

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) adotou medidas imediatas para conter o surto, incluindo o abate sanitário de 17 mil aves na granja afetada e a intensificação da vigilância em um raio de 10 km ao redor do foco. Além disso, o Mapa está rastreando ovos para incubação fornecidos pela granja, localizados em Minas Gerais, Paraná e no próprio Rio Grande do Sul.

A pasta também busca ampliar a regionalização das suspensões, tentando convencer os países importadores a restringirem as compras apenas da região afetada, e não de todo o país.

Reação do Mercado Internacional

Até o momento, pelo menos 21 países ou blocos econômicos suspenderam as importações de carne de frango do Brasil devido ao surto de gripe aviária. Entre eles estão a União Europeia, União Euro-asiática, China, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, África do Sul, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka, Paquistão, Filipinas e Jordânia.

Alguns países, como Japão e Arábia Saudita, optaram por suspensões regionais, restringindo as importações apenas do município de Montenegro ou do estado do Rio Grande do Sul.

Perspectivas e Desafios

Analistas apontam que, no cenário mais pessimista, com suspensões prolongadas por mais de dois meses, o Brasil pode encerrar 2025 com uma queda de até 10% nas receitas de exportação de carne de frango, representando perdas líquidas próximas a R$ 5 bilhões.

Por outro lado, o episódio pode acelerar investimentos em biosseguridade, diversificação de destinos de exportação e avanços nos protocolos sanitários multilaterais. O governo brasileiro aposta em uma reação rápida e eficaz para conter o surto e retomar a confiança dos parceiros comerciais.


Bibliografia